03 dezembro - 2016
Preciso ficar sozinha | I need to be alone By: helena sofia, 0 Comments

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Viajar por longos períodos, incluindo mudanças climáticas extremas, além de exigir uma mala razoavelmente grande, também exige paciência consigo mesmo. Minha viagem durará 3 meses (não se compara a viagens de  volta ao mundo, ou de ano sabático, que ultimamente estão “na moda”), e será o período mais longo que já passei longe da minha cidade e da minha família desde que me conheço por gente. A tentação de jogar metade das roupas fora pra aliviar o peso da mala é grande, mas saber que vou acabar passando frio por causa disso faz eu me controlar um pouco, hahaha.

Estou há pouco mais de 30 dias fora, e minhas emoções e meu ânimo já variaram tanto quanto o clima: em Portugal peguei mais de 20º e andei só de shorts e camiseta, depois 5º em Londres, com todas as roupas térmicas possíveis, subindo pra mais de 20 novamente em Palermo e ficando na varanda o dia todo, depois 2º em Turim congelando os cílios, um pouco mais ameno aqui em Gênova e em menos de uma semana estarei na Finlândia vendo a neve.

Is this the real life? #eurotour2016 #tormenta

A photo posted by Helena Sofia (@helenasofiaoficial) on

Tenho ficado em hostels, em quartos coletivos, que além de ser mais em conta, me permite conhecer outros viajantes. É incrível conhecer gente do mundo inteiro, tentar me expressar da melhor forma possível em língua estrangeira, e entender o outro, com suas histórias e sotaques. Mas, assim como quando estamos na nossa cidade, nas nossas casas, precisamos de um tempo sozinhos, e esse sentimento já me aconteceu algumas vezes durante a viagem: essa necessidade de solidão, ou mais exatamente, privacidade. Privacidade pra ficar 5h no computador se eu quiser, ou vendo tv (e não entendendo nada porque está em italiano), ou mesmo falando com alguém pelo whatsapp ao invés de falar com as pessoas que estão na mesma sala que eu. Claro que isso parece muito antipático, e tem limite, afinal, não dá pra estar num país e ficar vivendo em outro (ou dá? Quantos de nós gostariam de estar em outro lugar agora? hehehe). Mas de qualquer forma, tem momentos que a gente precisa disso, e às vezes é difícil não ser julgado*, ou mesmo se julgar por isso: “Tem sol, eu devia estar caminhando lá fora e não ficar aqui no computador procurando o nome do meu tataravô”. Mas acredito que não há corpo ou alma no mundo que aguente 90 dias de viagem sem dormir um dia até tarde. A gente acaba esquecendo que na “vida real” temos fins de semana para parar e fazer nada. E temos o direito de ficar cansados e querer dormir no meio da tarde, ou mesmo de passar o dia quietos e não querer conversar com ninguém.

* ontem um rapaz veio me encher as paciências porque tinha me visto no computador desde o fim da tarde até a hora de dormir e isso não era correto, me deu vontade de mandar ele catar coquinho na descida, mas não sei como falar isso em inglês, hahahaha!

Enfim, acho que isso só prova que estou começando a respeitar as minhas vontades, compreendendo quando é preguiça ou necessidade do corpo/alma parar e respirar. Acho que estou mesmo é ficando velha! hahahha

Algum de vocês já sentiu isso? Ou eu sou a única viajante antisocial que de tempos em tempos prefere ficar com seus próprios pensamentos?

Beijos,

Helena, a chata.

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Traveling for long periods, including extreme weather changes, besides requiring a reasonably large suitcase, also requires patience with yourself. My trip will last 3 months (it does not compare to travel around the world, or sabbatical), and will be the longest period I have ever been away from my city and my family. The temptation to throw half of my clothes off to lighten the weight of the suitcase is big, but knowing that I’m going to end up getting cold because of that makes me control myself a bit, hahaha.

I was just over 30 days out, and my emotions and my mood already varied as much as the weather: in Portugal I got over 20º and walked only in shorts and T-shirt, then 5º in London, with all thermal clothing possible, more than 20 again in Palermo and staying on the balcony all day, then 2º in Turin freezing the eye lashes, a little more mild here in Genoa and in less than a week I’ll be in Finland watching the snow.

I have stayed in hostels, in collective rooms, which aside from being cheaper, allows me to meet other travelers. It’s amazing to meet people from all over the world, try to express myself in the best possible way in a foreign language, and understand the other with their stories and accents. But such as when we are in our city, in our homes, we need some time alone, and this feeling has happened to me a few times during the trip: this need for solitude, or more exactly, privacy. Privacy to stay on the computer 5 hours a day if I want, or watching TV (and not understanding anything because it’s in italian), or even talking to someone by whatsapp instead of talking to people in the same room as me. Of course this seems very unfriendly, and it has a limit, after all, you cannot be in one country wanting to be in another (or can I? How many of us would like to be somewhere else now?). Anyway, there are times we need it, and sometimes it’s hard not to be judged*, or even judge yourself for it: “It’s sunny, I should be walking out there and not stay here on the computer looking for the name of the My great-great-grandfather.” But I believe that there’s not a body or soul in the world that can endure 90 days of travel without sleeping one day until late. We end up forgetting that in “real life” we have weekends to stop and do nothing. And we have the right to get tired and want to sleep in the middle of the afternoon, or even to spend the day quiet and not talking to anyone.

*Yesterday a boy came to fill my patience because he had seen me on the computer from late afternoon until bedtime and that was not correct, made me want to say some things to him, but I do not know how to say that in English Hahahaha

Anyway, I think this only proves that I’m beginning to respect my wishes, understanding when it is laziness or body/soul need to stop and breathe. I think I’m really getting old! Hahaha

Have any of you ever felt that? Or am I the only antisocial traveler who from time to time prefers to keep quiet with my own thoughts?

Bacios con amore,

Helena, the boring one.

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